Sou muito amigo do Dionísio Pestana e quando eles abriram o Pestana CR7 no Funchal, em Julho, a minha mulher, a Cristina, organizou a nossa ida à inauguração do hotel. O Cristiano Ronaldo estava lá com a família e foi muito simpático. Adorei estar com ele! Estava com o seu grupo de amigos mas como eu estava com o Dionísio Pestana acabei por ficar ali a conversar no grupo sobre o Europeu, o joelho dele e essas coisas.
Já tinha dito à Cristina que um dia gostava de conhecer o Cristiano Ronaldo, tenho grande admiração por ele. Sai dos confins da Madeira, de uma família humilde, chega a melhor jogador do Mundo e leva a família atrás para todo o lado. Ele é uma lição de humildade para todos. A maneira como se posiciona na sociedade é brutal! E quando estás ao pé dele notas isso. A certa altura mandou irem buscar bolas de futebol, assinou as bolas todas, esteve ali a dar pontapés… E a maneira como tratava cada um que se aproximava, foi tudo muito bom.
À tarde houve a parte dos discursos, fomos ver o museu, onde tirei fotografias com ele e ele me assinou uma camisola, foi muito simpático. Também conheci o Jorge Mendes, que ficou mais íntimo porque era grande fã meu e dos Xutos & Pontapés. E a contar isto tudo ao Ronaldo, que ele não era desse tempo mas andava atrás de nós quando era novo, que gostava imenso dos Xutos e que para ele o Zé Pedro era um grande craque! O Cristiano também disse que gostava muito dos Xutos. Quando entrou no Real Madrid, no dia da apresentação, com o estádio cheio, foi ao som do À minha maneira, e agora no Europeu foi a Casinha. Pelo menos essa ele sabe de cor! Claro que depois dei os parabéns ao Cristiano pela Casinha, ele disse que toda a gente cantou, e eu: “está bem, mas tu foste ali o impulsionador da coisa.” Ficámos super contentes por se ter tornado o hino da Selecção e por ter sido cantado daquela maneira. Vibrei não só com o título, com a conquista do Europeu, mas depois quando ouvi a Casinha no estádio no final do jogo foi ainda mais emocionante. E quando eles chegaram, sempre a cantar a Casinha, foi uma coisa apoteótica! Claro que nós, Xutos & Pontapés, estávamos todos maravilhados com o acontecimento.
Vi a final sozinho em casa com a Cristina, não tenho o hábito de ver com eles. A não ser que tenhamos um concerto, e aí vemos os jogos juntos, mas prefiro ver sozinho porque fico mais concentrado. Se não começa tudo a falar e a levantar-se para ir buscar cervejas. De repente há um golo e um gajo não viu, depois fico todo chateado! Prefiro estar sozinho lá com os meus deuses. Foi muito emocionante, o golo do Eder e a emoção e tristeza de ver o Cristiano sair daquela maneira. Ainda lhe perguntei:
– Epá, o francês fez de propósito?
E ele, com muito fair-play, disse:
– Não sei, não sei.
Insisti e disse-lhe:
– Mas nas imagens vê-se que ele vai ao joelho de propósito, não há como não ver que foi de propósito.
E o pessoal da comitiva dele, os amigos dele, disse que os gajos no túnel berraram várias vezes para o Cristiano que ele não passava do primeiro quarto de hora. É que realmente ele a seguir ainda levou duas cacetadas. Ele ficou lesionado, depois entrou e levou uma cacetada, puseram-lhe a ligadura e na área ainda levou outra cacetada antes de sair. Os gajos estavam mesmo naquela de tirar o Cristiano que o jogo ficava no papo, mas depois lixaram-se porque o Eder marcou um grande golo. Era aquele patinho feio que tínhamos na Selecção mas marcou um golaço e ainda por cima com a importância que teve. Conseguiu ali uma abertura, livrou-se de dois ou três, puxou a bola para o lado e catrapumba lá para dentro daquela distância! Os minutos a seguir ao golo nunca mais passavam, parecia que o relógio estava parado. Foi tudo muito emocionante, adorei!
Lá na Madeira, no final do dia ofereci uma guitarra minha ao Cristiano e depois soube que ele a tinha mandado pôr no museu dele. Foi assim o meu contacto com o Cristiano Ronaldo e com o Jorge Mendes, que estava sempre ao telefone mas nos intervalos lá falava comigo. No outro dia telefonou-me a dar os parabéns, foi uma coisa que até me deixou sentido, e disse: “temos de ir a Madrid, quero que vás lá ver um jogo do Cristiano.” Disse-lhe que sim, depois combinamos. Ficou aqui uma bela história de futebol.
Aos 60 anos, 38 dos quais como guitarrista dos Xutos & Pontapés, é uma das maiores figuras da música portuguesa e provavelmente a grande estrela rock nacional.