Confesso que nunca tive grande entusiasmo pelo futebol embora tivesse vivido 13 anos da minha vida ao lado do estádio do O.G.C. Nice, no sul de França, onde nasci. Vim depois para Portugal onde me dediquei à música longe dos relvados, à excepção dos vários concertos em Alvalade a que fui assistir nalguns casos e noutros em que tive a honra de participar com a minha banda “Entre Aspas” como, por exemplo, “Os Filhos Da Madrugada”, a homenagem ao Zeca Afonso, em 1993.
Anos mais tarde, à medida que o meu filho foi crescendo, fui apalpando o terreno para ver qual seria a actividade que ele gostaria de praticar. Obviamente, fui perguntando se gostaria de aprender algum instrumento musical, pois era esse o meu desejo, e sabia que ele tinha qualidades para isso.
– Guitarra? Piano? Bateria?
– Não, mãe. Quero jogar à bola!
– Então não queres antes ir para a natação? Já sei… o karaté!
– Não! Só quero mesmo jogar à bola!
Bolas! Pensei eu, lá vou eu ter que levar o gaiato aos treinos várias vezes por semana e passar os meus fins de semana nos campeonatos de futebol, logo eu que nunca gostei de futebol!
Agora, passados cinco anos e depois de muitas idas aos treinos e jogos, fico sempre triste quando o meu filho não é convocado, pois descobri que até gosto de assistir aos jogos dos miúdos.
Aos domingos, invariavelmente, a família, maioritariamente do Sporting, reúne-se em minha casa e todos assistem com fervor aos jogos dos grandes na TV. Eu até já fico nervosa, mas acontece principalmente quando joga a nossa Seleção e, apesar de não conseguir ficar a ver os jogos, gosto do ambiente que se vive, das alegrias súbitas dos golos marcados, da esperança, dos festejos…
Divirto-me a ver a reacção das pessoas. Quando há jogos da Seleção gosto de sentir que o país está mobilizado por Portugal e o futebol, sem dúvida, mais do que outras coisas, tem o poder de fazer com que isso aconteça. Esse é o lado bonito do futebol, aquele de que eu gosto.
Integrou outros projectos, mas ficará para sempre identificada como vocalista dos Entre Aspas, que co-fundou em 1990. Actualmente tem mais de uma década de carreira a solo.
Sempre queremos que nossos filhos sigam um pouco de nossos passos, mas no fundo o importante é serem felizes, faz tudo valer a pena.