Sérgio Duarte

No Farense, tínhamos ali um grupo de brasileiros e dávamo-nos muito bem com os portugueses, havia um grupo muito bom. Sempre gostei de tocar alguns instrumentos, de cantar e o pessoal gostava muito disso. Houve uma época, na altura do Carnaval, em que tivemos uma folga e, em conjunto com os jogadores portugueses, combinámos um jogo. Marcámos esse jogo para o ginásio do Farense. Próximo do Estádio São Luís havia um salão de beleza de uma portuguesa, a Manuela, que tinha muito contacto com os jogadores. Praticamente todos iam lá cortar o cabelo. E equipámo-nos para o jogo no salão. Quando os adeptos e as pessoas convidadas chegaram para assistir ao jogo não esperavam pelo que viram: fomos todos vestidos de mulher! Rapaz, aquilo foi o maior sucesso no ginásio do Farense! Maquilhados, passámos baton, sobrancelha, com cabeleiras, vestidos a rigor, até com seios!
Eu creio que aquele jogo foi único, nunca ouvi falar de outro com essa peculariedade. Já imaginou? Luisão, Pitico, Mané, Ricardo, Fernando Cruz, Lemajic, Hassan, Hajry, todos vestidos de mulher e jogando futebol lá no pavilhão do Farense. As nossas esposas no início não acreditavam que íamos fazer isso, mas depois entraram na onda com a gente. Aderiram ao jogo e tiraram muitas fotos. Tive muitos momentos marcantes no Farense: campeão da II Divisão na época 1989/90, fomos finalistas vencidos da Taça de Portugal e essa história foi outra coisa que marcou.
Depois no Boavista também tinha o hábito de tocar. Quando o pessoal lá viu que eu cantava umas músicas e batucava nos instrumentos, nos treinos e após os treinos eu cantava e tocava um pouco no balneário, mas isso só nos momentos em que a gente tinha uma folga e estávamos à vontade. O mister Manuel José não colocou nenhuma objecção e também era uma forma de a gente alegrar o ambiente e o nosso balneário. Lembro-me que no Boavista ficava eu, Artur, Isaías, o zagueiro, Nélson Bertolazzi, e vinha o Paulo Sousa, o lateral direito, cantar umas músicas, o Jaime Alves fazia umas danças lá… Sei que depois dos treinos, antes de irmos para casa, a gente fazia uma bagunça no balneário. A minha esposa estava lá no estacionamento esperando para irmos para casa e eu era sempre um dos últimos a sair. O pessoal gostava muito. Eu fazia umas graças, uns versos que rimavam e colocava o nome dos jogadores e a malta curtia isso. Realmente foi uma época muito boa mesmo.


Depois de sete épocas no Farense, com Paco Fortes, mudou-se para o Boavista. Esteve dois anos na Escócia e regressou para jogar no U. Lamas, Vizela, Ovarense e Vilanovense. Facebooktwitterlinkedinmail

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3 comentários sobre “Sérgio Duarte

  1. Na noite em que chegou a Faro para representar o SC Farense, passou frente à esplanada do Café Aliança, numa bela noite de verão. Esplanada onde se reunia um vasto grupo de adeptos do clube. Pois é nosso Sérgio Duarte, caminhando no seu leve e elegante passo, mereceu do Rabeca a seguinte premonição: nã…nã tem pisar de jogador!
    Enganou-se.

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