Lembro-me de uma história engraçada, em 1984/85, foi no único ano em que o Vizela esteve na I Divisão. Eu estava no Vitória de Setúbal e fomos jogar com o Vizela a Guimarães, que era onde jogavam, e éramos treinados por um grande mestre, o Manuel de Oliveira, que gostava muito de mim como jogador.
Lembro-me que havia muita chuva e o campo estava com muita lama, empapado. E perdemos 2-1. O jogo não me correu bem e fui substituído aos 60 minutos pelo Jorge Plácido. Depois do jogo fui chamado pelo senhor Manuel de Oliveira, ele era um treinador muito activo, a seguir aos jogos fazia logo um balanço do que se tinha passado, e disse-me: “hoje jogámos com menos um.” E eu perguntei: “mas porquê, mister? Foi alguém expulso e eu não vi?” E ele: “não, tu é que não estiveste em campo, seu filho da mãe! Não jogaste um caralho, andaste ali a passear.”
E isto marcou-me. Era um treinador com grande carisma, dos melhores em Portugal, tacticamente muito forte, e surpreendeu-me, fiquei todo acanhado. Nesta altura os treinadores tinham uma personalidade muito forte e os jogadores tinham um respeito enorme aos treinadores. Ele era muito crítico em relação aos jogadores quando falhávamos, era muito directo, mas foi dos melhores treinadores que tive tacticamente, um homem muito sábio.
Jogou depois no V. Guimarães, foi campeão pelo FC Porto e passou ainda por Tirsense e Amora. Como treinador trabalhou muitos anos com Manuel Cajuda e espera agora por novos convites.