Rui Gomes da Silva

PORTO–BENFICA (0-0), 27 DE MARÇO DE 1983. Nasci – como é público, nesta fase de mediatização aguda da minha existência – no Porto, de onde, depois de sete anos no Liceu de Alexandre Herculano, parti, aos dezoito anos, para Lisboa, para frequentar a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Desde então, o que era conseguido com programas de fins-de-semana ou de períodos de férias em Lisboa, passou a fazer parte da minha vida: ir, em cada jornada, ver todos os jogos que se disputassem na Luz. E o que, até então, era a normalidade – assistir a (quase) todos os jogos do Benfica, no Norte – passou a ser a excepção.

Nessa época – de 1982/83 – o Benfica de Sven-Göran Eriksson (na sua primeira época em Portugal, das cinco com que nos haveria de fascinar) dominava o campeonato. Éramos líderes e, indo jogar às Antas, com garantia de bom futebol e campeonato assegurado, poderia abrir uma excepção naquilo que sempre foi uma tendência (quase) universal: ir ver o Benfica jogar contra o Porto. E assim foi: um conjunto de amigos, saindo de Lisboa, partiu à “reconquista” do lugar que é o nosso – o de Campeão. Desafiei o meu Pai a acompanhar-me, que me repetia, insaciavelmente, que, todas as vitórias nas Antas lhe sabiam sempre a pouco, face aos 8-2 com que “despachámos” o Porto, na inauguração do Estádio, a 28 de Maio de 1952 (sim, 28 de Maio, porque “em política, o que parece, é”)! Insisti e o meu Pai, abriu a excepção, para voltar a entrar nas Antas!

Estávamos a 27 de Março de 1983! Jogámos com Bento, Pietra, Humberto Coelho (c), António Bastos Lopes e Álvaro; Shéu, Carlos Manuel, Alves e Chalana; Filipovic e Nené. Deu para tudo, até para Manuel Bento defender um penalty de Fernando Gomes. Empatámos a zero!

O meu Pai – com razão – não gostou da brincadeira. Tinha-lhe prometido uma vitória contra o Porto, e apenas tínhamos conseguido um empate. Nesse jogo, como em todo o tempo em que partilhei a vida com ele, deu-me mais uma lição de ambição: no Benfica, temos de ganhar sempre! Ontem, como hoje, como amanhã. Porque – seja quem for o responsável – tem sempre que inventar um futuro feito esmagadoramente de vitórias! À Benfica!


Foi deputado, ministro, é advogado, mas o seu mediatismo actual deve-se à participação n’O Dia Seguinte, onde defende o Sport Lisboa e Benfica, do qual foi vice-presidente.

 

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Um comentário sobre “Rui Gomes da Silva

  1. Desde 83 para cá deixaste de ir às Antas. …meu sabujo. Tu no norte nomeadamente no académico erse conhecido por mãos leves ,tal era a facilidade de gamar os colegas no balneário, hábito que ainda hoje manténs ,mas o importante é que se fale pouco dos mails.o melhor está para vir…

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