Rui Duarte

As histórias mais engraçadas que tenho que têm a ver com jogos de bola definitivamente são passadas no clube da minha zona, que é o Amora Futebol Clube, na altura em que pertencia à I Divisão. Numa das situações houve um grande desafio do Amora com o Sporting e nessa altura o estádio do Amora era muito pequenino, com as bancadas praticamente em cima do campo, que na altura ainda era pelado. Era costume, como num bom jogo de bola, haver aqueles impropérios jeitosos, só que alguém se dedicou em fazer uma tarde infernal ao Vaz, que era o guarda-redes do Sporting na altura. Então desde a primeira parte até à segunda, alguém o seguiu pelas bancadas e esteve o tempo todo a azucrinar a cabeça ao homem. Não sei o que é que lhe disse, mas as coisas não foram mesmo nada agradáveis. De tal maneira, que o Vaz, depois de ter havido um ataque do Amora, se passou completamente e vai em direcção às bancadas com a bola na mão, para partir para a violência física. O resultado foi simples: o adepto do Amora ficou extremamente contente, porque o Vaz levou um cartão e foi marcado um penalty contra o Sporting.
Outra das histórias teve a ver com um jogador mirabolante que o Amora tinha, que não existia, chamava-se Caio Cambalhota, possivelmente um dos maiores artistas da bola que vi até hoje e um dos menos correctos em termos de desportivismo. A situação caricata foi um ataque do Amora, o guarda-redes adversário agarrou a bola, a outra equipa começa-se a balancear toda para fazer o contra-ataque e nisto o Caio Cambalhota olha para trás, vê toda a gente a ir em direcção contrária, reparou que o árbitro e os fiscais de linha não estavam a olhar, chega-se ao pé do guarda-redes adversário, dá-lhe uma cacetada na bola, que ele tinha entre as mãos, a bola cai no chão e ele marca um golo. Isto é futebol no seu melhor, quase parece A Liga dos Últimos.
Histórias melhores que estas, só realmente nas Distritais, ao pé da casa da minha avó, onde o meu divertimento era ver o jogo da bola, não pela bola, mas pelas sessões de pancadaria, que envolviam ataques aos árbitros e entrada em força da autoridade policial.


Vocalista dos míticos R.A.M.P., que em 2018 completam três décadas desde o primeiro riff, usa também a sua voz nos RAD, que se assumem como banda de tributo ao rock internacional. Facebooktwitterlinkedinmail

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