Quando estava no Estrela da Amadora e fomos à final da Taça de Portugal, precisámos de jogar uma finalíssima contra o Farense. Depois do primeiro jogo ficámos a estagiar num hotel junto ao autódromo do Estoril. Do hotel dava mesmo para ver o autódromo.
Nesse intervalo entre as duas finais, há uma célebre noite em que pedi ao Alves para nos emprestar o carro.
“Ó mister, empreste-nos o Porsche. Isso dá alguma coisa?”, pedi-lhe eu, assim a picá-lo. E o Alves, como também gostava do seu Porsche, respondeu: “Isto? Isto é uma máquina.” E lá o convencemos a ir dar uma voltinha. Lembro-me que era eu, o Barny, o Caetano e o Ricardo Lopes. Pelo menos estes quatro eram. E não estás a ver… Há ali aquela recta mesmo em frente ao autódromo e cada um andou um bocado. Andámos de tal maneira, era mesmo a esgotar as mudanças. Aquilo era mesmo uma máquina, na aceleração ficavas colado ao banco! E não me lembro qual foi o jogador, mas um de nós puxou tanto por aquilo que o carro até parou. Levámos mesmo o carro ao limite. Entretanto voltou a pegar e lá continuámos.
Demos umas voltas ali pelas redondezas e fomos ter ao hotel. Estava lá o Alves à espera e o carro até fumegava! O gajo pôs a mão no capot e aquilo até fervia.
– Olhem lá, isto está a ferver?
– Não, não. Puxámos só um bocadinho, não muito, e realmente é uma ‘granda’ máquina.
É uma das histórias que me lembro sempre, ainda por cima nunca tinha andado de Porsche na vida e acabámos por tirar a barriga da miséria.
Após passagens por Trafaria, Pescadores, Almada e Sacavenense, jogou 14 anos no Estrela da Amadora e é um exemplo de enorme longevidade por ter terminado a carreira aos 40 anos.