Comecei muito cedo na arte de relatar um jogo de futebol. Chamo-lhe arte propositadamente, porque muitos podem tentar, mas poucos o conseguem fazer com qualidade insuspeita. Aos 17 anos já tentava lá chegar, no advento das chamadas rádios piratas, mas só aos 18 anos, em 1986, o comecei a fazer com alguma regularidade, semana atrás de semana, relatando os jogos do Torreense, o clube da minha terra.
Era o tempo em que se pediam as linhas telefónicas aos clubes visitados, normalmente linhas que estavam instaladas não raras vezes longe de um local aceitável para se poder realizar o trabalho em condições mínimas aceitáveis. Certo dia, corria creio o ano de 1987, o Torreense defrontava o Mirense, não em Mira d’Aire mas em Ourém, num pelado sem bancadas. A solução encontrada foi estender cabo telefónico desde uma baliza até ao centro do terreno, onde se encontrava a jeito uma árvore para ser galgada e daquele local poder fazer o relato. Recordo-me de subir com dificuldades, de rasgar as calças e de realizar a transmissão do jogo num ramo que esteve na iminência de partir algumas vezes.
Anos mais tarde, em Turim, já ao serviço da RR, num Torino-Boavista, este episódio foi recordado, porque terá sido a única vez em que “perdi” a cabeça para poder transmitir um jogo, após um declarado boicote da Telecom Itália, que atrasou propositadamente a instalação das linhas. Nessa noite, em que Marlon Brandão perdeu os sentidos, recordei-me da árvore, das calças e do que me tinha custado chegar ali.
Isto para dizer que sempre é possível cumprirmos o sonho de, em palavras, levarmos as pessoas ao local de um determinado acontecimento. E, como um dia me disseram, os melhores improvisos são os que estão escritos e/ou foram preparados, porque o que parece impossível afinal só leva um pouco mais de tempo.
CEO da Pyrsia Com, empresa de comunicação, foi jornalista da Rádio Renascença durante 23 anos. Integra o programa Contragolpe e podemos vê-lo regularmente no Mais Bastidores, da TVI24.
És uma vergonha o que tu queres é tacho! Defender um criminoso como o Bc cheira-me a esturro.
Sr. Pedro Sousa (o zandinga da TVI) sportinguista assumido e sempre a defender o BC!
Sr. Pedro Sousa, tente disfarçar um pouco mais o seu seportinguismo, por favor!!!!!
Adorei a chamada de atenção ao Diamentino sobre Bruno César comparando com André Almeida o Bruno César ainda devia estar ao contrário do André.
O Sr. isento não consegue disfarçar o seu seportinguismo, o Homem anda mal !!!
De todos os relatadores que já pude ouvir, pertencentes ao presente ou ao passado, este é (ou foi), de longe, O MELHOR! Os relatos do Pedro Sousa proporcionavam não só uma verdadeira delícia auditiva, como tinham a capacidade de fazer sentir que um jogo medíocre parecesse uma enorme jogatana! E tudo de forma perfeitamente imparcial! Ao contrário de outros, nunca consegui perceber, através dos relatos, qual seria verdadeiramente a sua paixão clubística. Quando diz que relatar é uma arte “porque muitos podem tentar, mas poucos o conseguem fazer com qualidade insuspeita”, não é nenhuma manifestação de falta de modéstia. É uma grande verdade! Abandonou a Renascença para ir para o meu Sporting. O clube ganhou um profissional por muito pouco tempo, mas a rádio perdeu, talvez para sempre, um talento sem par. Gostava imenso de o ver (ou ouvir) regressar à rádio. Talvez voltasse a tirar o som à televisão durante os jogos e a ouvir o relato!…