Pedro Ricardo Martins

Às 21:58 do dia 10 de julho de 2016 escrevia o seguinte nas redes sociais: “Só para oficializar a coisa. Se Portugal for campeão da Europa e o Eder marcar, mesmo que nos penáltis vou a pé da SPORT.TV a Fátima…”
Minutos antes, o patinho feio dos 23 convocados de Fernando Santos era mostrado pela transmissão televisiva da Final do Euro’2016, a aquecer. Como testemunhas desta frase, todos os meus companheiros de trabalho que naquele domingo estavam na Sport TV com os olhos postos na mesma televisão.
Mas como achei que a plateia daquelas mais de 30 pessoas era curta, decidi partilhar a frase no Facebook. Alguns, como a Joana, a Tatiana ou o Fernando seguiram o mesmo impulso e disseram de imediato: “Vou contigo!”
A piada maior desta promessa é que quem me conhece sabe que sou a pessoa menos religiosa do mundo e as minhas divindades favoritas têm como dom o poder da Força e o seu lado negro…
A tensão começou a aumentar com a entrada em campo de Eder. Para além da emoção e peripécias do jogo, estavam ainda 30 dias dos mais intensos e complicados que tive ao serviço da Sport TV.
Pouco antes do arranque do Campeonato da Europa de França, o Rui Miguel Mendonça, que durante anos a fio fez o programa da noite de Europeus e Mundiais, saía rumo à Sporting TV e o seu natural substituto, o Sérgio Sousa, seguia com ele.
Com o Miguel Prates, juntamente com o Filipe Lopes Gonçalves e o Rui Pedro Rocha a reportar em França, a “criança” veio parar-me ao colo e com um misto de pânico e orgulho fui o pivot do Zona Euro do Euro’2016. Ainda hoje cada vez que ouço a música do Guetta com a Zara Larson sai-me naturalmente um: “boa noite!” Puro efeito cão de Pavlov…
Foi uma competição inesquecível a todos os níveis. Profissionalmente com momentos tão díspares como uma conversa de vários minutos sobre animais entre o Luís Freitas Lobo e o cantor Filipe Gonçalves; ter a Lili Caneças a comentar futebol ao lado do Pedro Henriques; os “bonecos” descobertos nas ruas de Lisboa pelo João Pico e pelo Jaime Cravo no EuroTascas; ou vestir a camisola de Portugal em estúdio com o Simão, o Ricardo e o Domingos antes e depois da final do Stade de France.
Mas também a nível pessoal. As noites que não estive em casa foram atenuadas com a presença do meu filho na redação a ver todos os jogos de Portugal e a final não foi exceção. Tornou-se uma espécie de mascote, e talismã, festejando o anunciado, e previsto, golo do Eder ao meu colo. Precisamente 21 minutos depois de ter feito o post “visionário”.
Depois daquela promessa não só o Eder marcou, como Portugal ganhou mesmo. As mensagens a relembrar a promessa dispararam após esse momento. E eu não tive outra alternativa do que cumprir mesmo. Uns meses depois lá fui em 3 dias até Fátima. A pé… e sozinho. Só com o auxílio da Alexandra, que andou a fazer piscinas para me dar apoio logístico. À minha espera na chegada ao fim de cada uma das etapas. Por uma questão de incompatibilidade de agenda o Fernando, a Joana e a Tatiana acabaram por não ir a Fátima, pelo menos a pé, e apesar de ser agnóstico de profissão juro que não ganhámos o Mundial da Rússia por culpa deles…


Uma das caras da Sport TV, onde é pivot há 18 anos e editor há 10. Apresenta o programa “Cultura Tática”, com António Simões, onde conversam sobre desporto com figuras da sociedade portuguesa. Facebooktwitterlinkedinmail

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Um comentário sobre “Pedro Ricardo Martins

  1. Não acredito que alguém que escreve assim e cumpre a promessa, mesmo que muito fã de Star Wars seja ágnostico .
    Um beijo

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