Nenê Bonilha

Uma história que recordo foi quando estava no Corinthians e vi o Ronaldo Fenómeno pela primeira vez. Foi nos primeiros dias após ter chegado ao clube. Era menino ainda, não conhecia muita gente, estava meio tímido e houve um jantar de confraternização no clube. Peguei nas minhas coisas, coloquei-as num canto e sentei-me num sofá com vergonha, não queria conversar com ninguém. De repente olho e tinha o Ronaldo do meu lado, cara! E ele era o meu ídolo de infância. Comecei a suar, tremia de vergonha, só pensava: “deixa sair de ao pé desse cara aqui.” E falei para o Paulo André: “Putz, é o Ronaldo aqui!”. Fiquei sem reacção, né? Aí me começaram a zoar e eu comecei a ficar nervoso. Não conseguia falar com ele, cara! E aí o pessoal começou a brincar comigo, a tirar sarro: “Porra, está com vergonha do Ronaldo?” e eu sem falar nada! Essa história me marcou porque nunca tinha visto o Ronaldo de perto, quando o vi estava logo do meu lado brincando comigo, me abraçou e eu sem reacção. E o pessoal a zoar: “O Ronaldo arranjou um filho para criar agora.”
Tenho outra história engraçada de quando jogava no Paulista de Jundiaí, onde fiz a minha formação antes de ir para o Corinthians. Eu morava no alojamento do clube com os outros meninos e uma vez os meus pais foram lá na cidade ver a gente jogar. O meu pai tinha uma carrinha bem antiga. Deixou-a na porta do clube e foi na casa da mãe de um jogador que jogava comigo, um amigo nosso. De repente, a gente estava lá no clube e o pessoal roubando o carro do meu pai. Saiu tudo correndo na rua, eu sem camisa, e comecei a gritar: “Porra, não rouba o carro do meu pai, não! É o carro dele para trabalhar.” E aí vem o cara que estava com o carro: “Está de brincadeira, né? Quem é que vai roubar esse carro velho aqui? Não tem nem freio de mão!” Aquilo virou uma zoação total! E o rapaz ainda disse: “É mais fácil eu te dar um dinheiro para você arrumar um carro do que eu roubar esse carro velho aí!” O ladrão ia ter prejuízo se rouba o carro.
Tive outra situação de quando cheguei a Portugal. Fui ao cinema com a minha namorada e eu não sabia que tinha intervalo. A meio do filme desligou a tela e acendeu as luzes. Eu estava indo embora e falei: “Putz, acabou o filme a meio, que brincadeira!” E uma senhora que trabalhava lá falou: “Não acabou, senhor. Está no intervalo.” Eu já estava indo embora bravo da vida! Nesse dia aconteceu tudo. Como era a última sessão acabou às três da noite. Estava no shopping, no Funchal, tinha o meu carro lá, saí e tinha o estacionamento fechado. Saí na porta errada, saí na rua, e para entrar no shopping que estava fechado? Putz, que rolo! Comecei a tentar pular o muro do shopping até que consegui esperar o último funcionário do shopping sair para me explicar como pegava o meu carro. Fiquei lá mais uns 40 minutos esperando. Foi uma aventura, mas foi divertido.


Campeão brasileiro pelo Corinthians em 2011, com apenas 19 anos, foi depois emprestado até final do contrato. Em 2015 assinou pelo Nacional e é agora um dos reforços do Vitória de Setúbal.

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