Quando era mais pequeno, com seis ou sete anos, acompanhava o meu pai a alguns jogos de uma divisão distrital. E quando se fala em arbitragens corruptas acho que assisti a uma que bate todos os níveis. Estávamos a assistir a um jogo que era decisivo para as duas equipas. Era num campo pelado, no meio de um pinhal, e há um remate em que a bola bate num eucalipto que ficava atrás de uma das balizas, regressa à grande área, o avançado cabeceia e o golo é confirmado pelo árbitro! Portanto, quando se fala em escândalos no futebol, acho que não tive relato de mais nenhum caso que fosse pior que este.
Eu sou da Trofa e acho que o jogo era do Bougadense. Não me recordo bem, era muito miúdo. Mas havia outros casos deste género. Lembro-me de ver um bandeirinha a fazer a linha toda a correr à frente do director de um clube. Quando havia jogos decisivos valia tudo!
E também tenho duas histórias daqueles jogos que fazemos com os amigos. Uma vez sofri uma luxação num ombro e levaram-me para o Hospital de São João. Por acaso tive sorte porque não estava muita gente nas urgências. Fui levado imediatamente para a ortopedia, colocaram-me o ombro no sítio, fizeram a redução da luxação e mandaram-me passar no guichet à saída. Só que não passei, fui directo para o carro do meu colega. Saí dos corredores do hospital a correr para irmos de novo para o jogo porque tínhamos de ir desempatar aquilo!
Outra história que tenho engraçada foi num verão, num jogo naqueles campos provisórios que se fazem à beira-mar, em Ofir. Fazia parte da equipa de um amigo que detesta perder, não conheço ninguém como ele. Então o jogo demorou horas e só quando nós demos a volta ao resultado, que foi aos 46 golos, é que aquilo acabou! Até chegarmos à vantagem era sempre “mais um, mais um, mais um”. Mal marcámos o golo da vitória saímos do campo e os outros ficaram muito zangados porque não lhes demos hipótese de marcarem mais.
Durante a minha adolescência fazia muitas brincadeiras com os meus amigos. Uma vez estávamos a assistir a um torneio de futsal e falhou a luz durante o jogo. Era à noite, num pavilhão e ficou tudo completamente às escuras. Eu e outro amigo descemos umas grades que separavam a bancada do campo, andámos lá misturados no meio dos jogadores e levámos connosco para a bancada todas as bolas de jogo. Quando voltou a luz, eles queriam retomar o jogo e ninguém sabia das bolas. Naquela noite o torneio ficou ali cancelado.
Humorista, ganhou mediatismo com as aparições televisivas no Levanta-te e Ri, da SIC, participou no programa 5 para a meia-noite, da RTP, e em Fevereiro regressa aos palcos com Fugir à Retina.