Num Málaga-Boavista, para a Taça UEFA, estava a jogar a extremo e o Rui Óscar, o lateral direito, estava a ter alguma dificuldade na marcação ao Musampa. Ao intervalo, o Jaime Pacheco virou-se para nós e disse:
– Rui, vais sair, e tu vais para lateral direito para marcar o Musampa.
– O quê? Ele é que me vai marcar a mim!
– Como?
– Sim, sim, ele é que me vai marcar a mim, eu não o vou marcar a ele.
Estava naquela expectativa de que quando fosse para lateral começasse a fazer aquelas subidas no terreno e o adversário é que tinha de andar atrás de mim. Dito e feito. Começou a segunda parte, comecei a subir, a subir, a subir, o gajo não acompanhava, ficava nas covas. Estava a ser o melhor jogador na primeira parte e desapareceu na segunda. Foi curiosa essa “brincadeira”, porque eu tinha uma relação muito boa com o Pacheco, de lhe ter dito aquilo daquela maneira e confirmou-se.
Depois na segunda mão, em casa, fomos a penáltis e eu era muito mau batedor de penáltis. Então ele virou-se para mim:
– Como é?
E eu:
– Você quer ganhar, não quer?
– Quero.
– Então meta outro!
No fundo fui honesto com ele. E a nossa relação era neste à vontade. Ele também fazia com que pudesse falar dessa maneira, mas sempre com respeito, como é evidente.
Foi uma das principais figuras do Boavista, onde jogou 10 épocas, e fez parte da equipa que brilhou na Europa e foi campeã nacional em 2000/01. Pendurou as chuteiras em 2008 e actualmente é treinador.