A história que tenho para contar é uma coisa engraçada mas o que eu fiz foi muito perigoso e o Alfredo é que me salvou. Não me lembro bem do ano, foi em 1990 ou 1991. Tínhamos jogo no domingo, às 15 horas, e às 11 tínhamos de nos apresentar para almoçar. O que é que aconteceu? Eu estava com o meu cachorro, a minha esposa já estava no Brasil de férias, isto foi em Abril ou em Maio, e desci à rua para ele fazer as necessidades. Infelizmente, bati a porta com a chave dentro.
O Alfredo, o guarda-redes do Boavista, morava no 11.º andar e eu no terceiro, no mesmo prédio. Ele me viu no elevador e fomos bater à porta do vizinho do quarto andar. Como tinha deixado a janela da cozinha aberta fiz uma loucura: desci do quarto para o terceiro andar com o Alfredo me segurando, somente no braço! Ele pegou na minha mão, eu confiei, e essa loucura aconteceu, meu irmão! Só que lá em baixo tinha muita gente vendo e ficaram loucos: “Marlon! Marlon! Você vai cair daí!” Entrei pela cozinha e só depois pensei no sucedido. Foi uma coisa do outro Mundo. O desespero às vezes faz isso com a gente.
Depois o mister Manuel José, toda a comissão técnica e a Direcção ficaram sabendo, fizeram uma reunião comigo lá e deram uma bronca na gente. Mas foi tudo correcto.
Aproveito para mandar lembranças a todos os portugueses, que me trataram muito bem, a mim e à minha família, e aos boavisteiros, aos sportinguistas, onde eu joguei. O carinho sempre ficou, a saudade é enorme, mas espero que no final do ano vá passear por aí e fazer uma visita a todos.
Internacional pelas selecções jovens do Brasil, chegou ao Sporting em 1986/87, esteve um ano emprestado ao Estrela da Amadora e brilhou três épocas e meia no Boavista.