Mário Pardo

Houve duas cenas que recordo relativamente a episódios ligados ao futebol. Um foi uma vez que fui ver um jogo do Mundial de juniores em 1991, e à minha frente estavam uns gajos cegos a “ver” o jogo e nunca mais me esqueci daquilo. Os gajos estavam ali a assistir ao jogo, quando a malta fazia a onda eles sentiam a energia, levantavam-se e levantavam os braços como o resto da malta, e estavam ali a “ver” o jogo e a vibrar como o caraças. E os gajos tinham uma camisola vestida da associação dos invisuais, talvez fosse a ACAPO, e tinha um slogan que dizia “queremos, podemos”. E nunca mais me esqueci daquilo porque, de facto, é uma cena do caraças. Quando um gajo quer alguma coisa, realmente pode conseguir muito além daquilo que é suposto, ou pressuposto. A verdade é que os gajos não viam e estavam ali a ver um jogo de futebol e a vibrar completamente com aquilo. Foi uma cena que nunca mais esqueci, tanto assim é que estou a contá-la. Foi uma situação que curti imenso.
Achei fantástica a atitude deles e, no fundo, a mensagem que estavam a passar. Foi uma mensagem que retive e que até hoje, de alguma forma, rege a minha vida. Não sou um gajo que se fique com o “não, porque não” ou com o “não dá”. Mas não dá porquê? Vamos lá ver como é que se pode fazer dar. Para um gajo conseguir alguma coisa é preciso querer e crer e não me fico só porque alguém diz que não dá. E recordo-me sempre deste episódio porque tinha uma mensagem forte e até tem a ver com o slogan da nossa escola, que é “o céu não é o limite, é o ponto de partida.”
Outro episódio foi ter entrado de pára-quedas no Estádio de Alvalade. Foi uma experiência muito gira. Aquilo visto lá de cima é um buraquinho. Dantes os estádios eram mais acessíveis para quem vinha por cima mas agora, com aquelas palas todas, quando vens lá de cima a não sei quantos mil pés vês ali um buraquinho e ou acertas ou acertas senão estás entalado!
Foi um desafio giro que resolvi assumir. Foi no contexto de uma telenovela, que me pediram para fazer aquilo. Fui de fatinho, de sapatinho de verniz e o caraças, porque era a fazer de duplo do artista principal, e foi uma cena gira ligada à minha cena, que é o pára-quedismo, e ligada ao futebol, por ser para entrar num estádio.


Primeiro BASE jumper português, ficou conhecido por proezas como saltar da Ponte 25 de Abril ou do Cabo Girão. Fundou duas escolas de pára-quedismo, a Queda Livre e a Get High. Facebooktwitterlinkedinmail

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