Esta história não tem directamente a ver com futebol, mas mais com a alimentação antes de um jogo. Portugal ia jogar com a Bósnia e, como sou de Sarajevo, telefonaram-me para os receber e tratar bem deles.
Não podiam beber álcool, tudo bem, eram sumos detox e assim e assado, os dirigentes é que estavam todos a mamar vinho. Preparei um menu, comecei a servir montes de pratos, as entradas e estava muito contente, porque eles estavam todos a curtir.
O seleccionador da Bósnia chama-me à mesa, eu estava na cozinha, e diz-me “Olha, não levas a mal, acho que tens aqui uma coisa, tu não sabias, pá…” Como já estou desintoxicado daquilo há tantos anos, tinha-me esquecido que, da selecção da Bósnia, 90% eram muçulmanos.
Servi umas bolinhas, croquetes de leitão, e estavam pratos de presunto em cima da mesa. Mamaram os croquetes todos, cheguei ao pé deles e disse “Não, não, os croquetes são de coelho!”. Ficou obviamente o presunto, tivemos de retirar da mesa.
Foi uma comédia, eu é que fiquei mal visto na fotografia, sempre a rir com aquilo tudo. Ainda por cima com a minha própria equipa da Bósnia. Fui gozado na cozinha até à exaustão! Estavam em Portugal e eu queria brilhar, têm de comer uns croquetes de leitão maravilhosos. Era mais que óbvio…
Um dos mais conceituados chefs a trabalhar em Portugal, onde chegou em 1997. Foi jurado do programa Masterchef e pode ser encontrado no restaurante ou no bistro 100 Maneiras, em Lisboa.