Estava de férias nos anos 80, no hotel Alfamar, na praia da Falésia (Algarve). Também no hotel estava a equipa do Benfica, não de férias, mas sim a estagiar. Foi giríssimo! O pessoal do Benfica, para não parar, teve a ideia de organizar um jogo amigável contra uma equipa de hóspedes do hotel. E assim organizámos espontaneamente uma equipa e lá efectuámos um jogo treino.
Quando começou o treino verificámos que só havia 10 jogadores na equipa do Benfica. Eu alinhei de sapatilhas e tronco nu no meu lugar habitual: ponta esquerda. À minha frente, do outro lado, tinha para me marcar nem mais nem menos do que o meu conterrâneo Toni. Se fosse nos anos 50, quando ainda éramos miúdos e jogávamos em Mogofores seria bem diferente… Aí sim, eu teria algumas hipóteses de brilhar. Mas ali, no Alfamar, só tentei duas ou três vezes passar por ele mas em vão… era absolutamente impossível! O Toni era um muro intransponível! Sempre que eu agarrava a bola desatávamos a rir.
Os momentos antes do jogo treino começar foram hilariantes. O grande João Alves, de repente, disse bem alto: “Isto não pode ser, vocês estão com mais um jogador que nós!” Eu comecei a rir e disse: “Ó João Alves, você não deve estar a falar a sério!” E claro que não estava a falar a sério. Basta olhar para o resultado: levámos só 10-0! Podia ter sido mais…
Na minha equipa jogava também o Eduardo Ramos, director do hotel, e o Paco Bandeira, que também estava lá de férias. Ao fim de meia hora, a equipa de turistas residentes do hotel estava toda de língua de fora. Estávamos simplesmente estoirados! Mas não fazia mal, porque o que vinha a seguir valia tudo. Estávamos era à espera de uma grande mariscada que vinha a seguir e da confraternização.
Claro, como não podia deixar de ser, eu e o Paco cantámos improvisadamente com o piano e a viola. Sem dúvida alguma, este foi o jogo da minha vida!
Integrou vários projectos, entre os quais o Quarteto 1111, e iniciou a carreira a solo em 1970. No final de 2015 lançou o seu mais recente álbum, Menino Prodígio.