Harold

Esta história é um bocado hilariante mas tem o seu quê de drama, entre aspas, muito entre aspas. Já parei de jogar há algum tempo e isto passa-se numa altura em que ainda estávamos na formação, no Sintrense. Tínhamos uma série de jogadores que vinham de zonas diferentes e então formou-se uma equipa nova, que era forte. Só que havia lá uns jogadores que eram um bocado problemáticos, chegavam mesmo a ir para o treino armados. Quando digo armados, eram armas de fogo e facas.
Um desses colegas que levava arma tinha uma brincadeira estúpida. Levava faca, uma faca enorme e o que é que ele fazia? Apagava a luz e ficava no escuro a rodar a faca para um lado e para o outro, zum-zum-zum-zum, e era toda a gente a baixar-se, a correr de um lado para o outro, para cima uns dos outros e ele a fingir que nos tentava esfaquear a todos, na brincadeira. Não ia atrás de ninguém, andava numa linha recta e com a mão para um lado e para o outro. E isto nunca chegou aos ouvidos dos treinadores.
Até que houve uma outra vez em que ele levou uma arma de fogo. Dessa vez a brincadeira não foi igual, porque assim que o pessoal viu a arma… Ele tinha a arma na mala de treino, vira-se para nós e diz: “Rapazes, rapazes!”. O pessoal olhou e ele tira a arma. Havia pessoal de boxers, uns só com uma meia posta e uma chuteira, outros ainda sem t-shirt, alguns só com as calças, assim que ele tira a arma sai tudo a correr do balneário, a atropelarem-se uns aos outros na porta, tudo a correr num sprint, lindo. É das coisas mais engraçadas que vivi enquanto joguei futebol.


Chegou a internacional sub-23 por Moçambique, mas é no rap que se destaca, tanto nos GROGNation, colectivo de Mem Martins, como em nome próprio, tendo editado o álbum “Indiana Jones” em 2016. Facebooktwitterlinkedinmail

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