Gaspar Ramos

Isto tem um bocado a ver com a história que depois se viu da chamada fruta que era servida aos árbitros e que aparece no processo Apito Dourado. Posso contar uma história que se passou comigo na época 1980/81. Entrei no futebol em 1979, salvo erro, e pouco depois fui informado lá pelo nosso pessoal do Norte, todos aqueles benfiquistas que trabalhavam connosco e conheciam as coisas de lá, que os árbitros da primeira categoria que iam de Lisboa apitar ao Norte, não era necessário ser o FC Porto, ficavam no hotel Sheraton, que era onde o FC Porto estagiava. Além disso, depois eram convidados a ir a um determinado bar nocturno, que não vale a pena citar o nome mas que era muito conhecido, sobretudo na área do futebol, e ligado a gente do futebol, para passarem ali um bocado da noite e quando chegavam ao hotel cada árbitro tinha uma peça de fruta no quarto.
Quando fui informado desta situação ainda perguntei se era normal, estava fora destas coisas, e disse logo que ia ver o que podia fazer relativo a isto. Informei o presidente dos árbitros da altura, não vale a pena dizer o nome mas as pessoas facilmente o identificarão, que era uma pessoa séria, talvez demasiadamente bem intencionada, por vezes ouvia pessoas que, mais tarde, acabou por reconhecer que só o prejudicaram, e ele disse-me: “você tem razão aí numa coisa, que é os árbitros ficarem no hotel Sheraton. Nunca ponderei essa situação, mas não faz sentido que fiquem no hotel onde normalmente estagia o FC Porto. Vou tratar disso e mudá-los já.” E assim foi. “Mas em relação a essa história de frequentarem esse bar nocturno tenho de certificar-me disso. Não acredito que isso seja assim, depois digo alguma coisa.”
Uns dias depois, telefonou-me a dizer: “ó senhor Gaspar Ramos, você tem razão. Lamento muito isto, era uma situação que me passava despercebida, mas já dei instruções e ninguém mais vai frequentar aquele espaço. Acabou! Eles vão mudar de hotel e estão proibidos de frequentar aquelas instalações.”
Isto passou-se, efectivamente. Naquele ano ganhámos o campeonato e no ano seguinte havia eleições para a Federação. A Associação de futebol do Porto tinha prioridade para escolher, por ser a maior associação do país, o presidente ou outro elemento, e normalmente escolhia o presidente dos árbitros. E essa mesma pessoa já não foi reeleita no cargo de presidente.
É uma história que vale a pena ser contada porque a fruta não é recente, já tem muitos anos e, de algum modo, pelo menos durante um tempo, não funcionou. Mais tarde, quando comecei a ver as notícias do Apito Dourado, lembrei-me logo: “olha, renovaram essa atitude, foi posta em prática de novo”, porque foi suspensa num determinado momento e por minha iniciativa.


Um dos históricos dirigentes do futebol português. Esteve por três vezes no Benfica, a última das quais como Vice-Presidente, entre 1994 e 1997, durante o mandato de Manuel Damásio.

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8 comentários sobre “Gaspar Ramos

    • O pior “relato” sem dúvida alguma. Foge ao tipo de histórias que as pessoas procuram. Só tem intuito de denegrir pessoas/instituições, sem provas concretas e com uma contextualização errada certamente, pois Sheraton naquela altura não era certamente. Não deviam deixar este espaço revelar este tipo de “histórias”, isto na minha opinião.

  1. Olha o calimero! Será que ele se lembra do famoso FC Porto 0 – SL Carnide 2 de 1991 em que o Carnide subornou Carlos Valente e o FC Porto o seu fiscal de linha e depois os dois não se entendiam? CUIDADO COM O BOSTAS! ANDA A FAZER TUDO (EM MODO VALE TUDO) PARA GANHAR O CAMPEONATO.

    • O Hotel Sheraton já existia no Porto antes de 2003, no edifício que hoje é ocupado pelo Hotel Porto Palácio na Av. da Boavista e que pertence à Sonae. o Hotel Sheraton existe desde 1986 no Porto. Em 2003 o Sheraton reabriu no Porto na R. Tenente Valadim, com uma entidade diferente que não a Sonae. Deixo a biografia de Belmiro de Azevedo (retirado da sua página da fundação, onde se pode confirmar isso:http://www.fundacaobelmirodeazevedo.pt/biografia.html). Admito que o Gaspar Ramos esteja ligeiramente confundido nas datas. Já lá vão quase 30 anos, mas que existia antes de 2003 isso é verdade.

  2. Gaspar Ramos não conta. Mas conto eu que vi com os meus próprios olhos. A equipa de arbitragem que apitou um GD Chaves-SL benfica ficou instalada no Hotel Aquae Flaviae, o mesmo hotel onde estava instalada o Benfica. Depois do jogo ele e mais um dirigente do benfica ficaram no bar a beber whiskey com o árbitro e mais 2 pessoas (eram 4), provavelmente os fiscais de linha, não me recordo bem da cara desses outros. Mais tarde correu na cidade que eles todos foram acabar a noite no club EL GRAND RANCHO em espanha (quem não sabe que clube é esse que pesquise).
    Grande Hipócrita!

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