Recordo um episódio com o Ivkovic num Vitória de Guimarães-Belenenses, no D. Afonso Henriques. O nosso treinador era o Jaime Pacheco e no Belenenses também jogava o Paulo Madeira, que tinha ido do Benfica para lá. O Ivkovic estava chateado porque achava que o árbitro estava “roubando” para a gente. Quando fomos para intervalo o Ivkovic veio ter comigo e disse-me:
– Aposto contigo que não vais ganhar este jogo nem vais à UEFA. Quem vai é o Belenenses.
– Ok. Apostamos um jantar.
Acontece que ganhámos esse jogo com um golo meu, de penálti, e por coincidência fomos os dois para o controlo anti-doping. Resumindo: fomos à UEFA, nesse ano marquei muitos golos no campeonato, fui bota de bronze atrás do Domingos do FC Porto e do João Pinto do Benfica, ele agora deve viver na Croácia mas estou à espera que ele pague o jantar!
Dentro de campo éramos adversários, mas é muito boa pessoa, espectacular. Ele tinha o hábito de fazer apostas, há aquela com o Maradona, mas comigo teve azar.
Tenho outra história engraçada. Vim para Portugal em 1990 para jogar no Olhanense. Fomos jogar a Almeirim, numa altura em que ainda não existia auto-estrada, telemóveis nem nada disso. E tínhamos um jogador muito engraçado, um rapaz de Vila Real de Santo António chamado Algiro. Era um extremo esquerdo mais rápido do que o pensamento. Passámos a ponte de Alcácer do Sal e há lá uma subida. O nosso condutor era o descansado do Salgadinho, que era o dono do autocarro. O Olhanense tinha um micro-autocarro, muito pequenino, dos anos 50. Estávamos em 90. O que é que acontece? O Algiro bateu na porta, a porta abriu, ele saiu e começou a correr à frente do autocarro. O Salgadinho acelerava mas não passava aí dos 10 km/h e o Algiro subiu aquela ladeira à frente do autocarro. Aquilo foi muito engraçado, ainda houve pessoal a tirar fotos. Se fosse hoje tinha filmado com o telemóvel.
Tenho outra desses tempos. Fomos jogar a Lisboa e no regresso a Olhão, era o caminho pelo Canal Caveira, Mimosa, a gente jantava sempre por ali. Jantámos e depois de jantar os jogadores diziam ao capitão para pedir ao mister para andarmos um pouco ali fora enquanto os treinadores e os directores acabavam de jantar, beber o vinho e essas coisas. Acabou o jantar, metemo-nos no autocarro com o Salgadinho e fomos embora. Uns cinco minutos depois de entrarmos na estrada nacional, alguém pergunta:
– E o Oliva?
Esquecemo-nos de um jogador! Voltámos para trás e lá o apanhámos. Ele tinha ido à casa de banho e naquela altura não havia telemóveis, não dava para nos avisar.
Quando fui para o Dubai também vivi uma situação caricata. Estava no Vizela e apareceu uma proposta. Acertámos tudo com o presidente do Vizela e fui-me embora. Cheguei lá, hotel cinco estrelas, tudo top, e no dia seguinte fui treinar. Fiz o treino, falei com os jornalistas, tudo tranquilo. Fui para o balneário, tirei a roupa e fui tomar banho. Quando chego ao chuveiro vi que estavam todos vestidos, a tomar banho de calção. Achei aquilo estranho, mas tomei banho. Fui para o hotel e nessa noite recebo uma chamada do meu empresário.
– Edinho, tu estás lixado. Estás morto! Tens de sair daí e é já!
E eu sem perceber, só a perguntar o que é que tinha feito.
– Tu és maluco! Foste tomar banho sem cuecas, sem calção, sem nada. O sheik ligou para mim e disse que te vão matar, tens de ir embora!
Passei a noite sem dormir só a pensar que queriam matar-me.
No outro dia encontrei-me com o meu empresário e o sheik e ele disse-me:
– Você vai ter de ser morto.
– Eu tenho de ser morto? Eu quero é ir-me embora já!
Não era por isso que eu tinha de ser morto, mas a religião deles não permite. Como é que eu ia saber? Por azar, quando me vim embora cheguei ao aeroporto e a minha mala ficou lá apreendida. Depois lá se resolveu, mas ainda houve mais essa situação.
Chegou em 1990 para jogar no Olhanense e terminou a carreira no Farense, em 2009. Pelo meio chegou a assinar pelo Sporting e representou clubes como V. Guimarães ou Chaves.
Amigo Edinho, saudades
Ainda jogou no U. Lamas. Grande época essa. Um verdadeiro matador.