Quando estava no Beira-Mar fomos jogar a Braga e estávamos no quarto andar de um hotel a olhar cá para baixo à espera que um colega nosso saísse da recepção, tínhamos-lhe pedido para ir lá abaixo comprar umas revistas. Na altura usávamos um fato de treino todo preto com umas riscas amarelas, já era assim ao cair da tarde, e estávamos à espera que ele aparecesse para lhe mandarmos um balde de água. Quer dizer, não era um balde, era o cesto do lixo do quarto cheio de água. Estava com o Miguel, que foi nosso guarda-redes durante muitos anos, e o Freitas, que também jogou no FC Porto.

Como já estava a anoitecer, vimos um vulto a sair e eu disse “epá, acho que é ele que vem agora!” e o Miguel manda a água. Só que não era ele! Coincidência das coincidências, no final dessa rua havia um quartel e era um polícia que ali ia! Entrou todo molhado pela recepção a dizer que não saía dali sem saber quem era o autor da brincadeira. Depois o treinador, que na altura era o Jean Thyssen, pôs-se a olhar para o andar juntamente com os gajos do hotel para verem qual era o quarto.

Ainda tentámos disfarçar, mas fomos denunciados pela persiana que não estava totalmente corrida para cima, estava a meio, e como ainda levou com alguma água estava a pingar e fomos agarrados! Eu por acaso escapei-me porque não pertencia àquele quarto, estava no quarto ao lado. Aquele era o quarto do Freitas e do Miguel, o meu nome não fazia parte. Na altura levaram uma castanhada valente, foram 400 e tal contos de multa e sem direito ao prémio desse jogo com o Braga.

Retirou-se aos 38 anos, no Gondomar, mas foram as oito épocas como central do Beira-Mar que ficaram gravadas na memória colectiva. Actualmente trabalha no Esmoriz.