Vou contar um episódio que aconteceu comigo na China. Era a minha primeira experiência fora do Brasil, da minha terra natal, e eu estava muito empolgado por jogar fora do país. Estava mesmo muito feliz. Cheguei lá e encontrei uma cultura completamente diferente da do Brasil, mas graças a Deus consegui adaptar-me bem.
Estava a fazer a pré-época e faltavam duas semanas para começar o campeonato. O treinador era chinês e num treino, ele ainda estava a testar a equipa, houve um lance normal de jogo: um defesa chinês achou que ia chegar primeiro à bola que eu, mas eu cheguei primeiro e ele fez-me um carrinho. Acertou-me na canela e caí. Estava no chão, a receber assistência, e comecei a ouvir um barulho assim de briga. Quando levantei a cabeça para ver, era o treinador que estava a bater no defesa. Estava a enchê-lo de pontapés e de socos! Nesse momento pensei: “mas o que é que eu estou aqui a fazer?”.
O tradutor depois veio falar comigo e disse-me que aquela situação era normal entre eles, mas fui para casa com aquilo na cabeça. Já à noite, o tradutor, o preparador físico e o defesa que me tinha feito o carrinho foram à minha casa porque o treinador mandou o defesa lá para me pedir desculpa!
Foi um episódio que ficou marcado, e vai ficar marcado, para o resto da minha vida, porque são coisas que não são normais, mas, naquele tempo, para eles, aquilo era normal. E foi um grande susto que apanhei com essa situação toda.
O médio do Nacional vai para a oitava época em Portugal, onde representou sempre a formação madeirense à excepção de uma temporada na qual representou o Varzim.