Estava no Panathinaikos e tive o azar de fazer a minha primeira rotura muscular. Perdi assim a recta final do campeonato e o penúltimo jogo foi o da decisão. Essa semana foi muito stressante. Jogámos contra o Olympiacos e quem ganhasse era campeão da Grécia. Os nossos jogadores foram intimidados, era impossível entrar naquele campo. Medo de estar nos balneários, ameaças, tudo. E tivemos a infelicidade de perder 3-0.
Na semana seguinte, estávamos a treinar no centro de estágio do Panathinaikos e entraram lá 400 ou 500 adeptos, sem exagero! Nós a ver os meninos a vir e começou tudo a correr para o balneário! Depois disto o Karagounis disse que não queria jogar mais. O meu carro, por acaso, foi o único que não foi partido. Demorámos mais de cinco horas para sair do centro de estágio. Não chegámos a ser agredidos, só nos ameaçaram. Eles apareceram e eu assim: “o que é isto?” Pareciam índios! Nunca tive tanto medo na minha vida como naquele dia.
Ainda por cima, como tinha uma rotura muscular, estava só a ver o treino. E para correr? Não conseguia. Como é que ia correr 100 ou 200 metros para fugir? Agarrei-me à perna e fui ao pé coxinho, com ajuda, e lá nos fecharam dentro do balneário.
Já estive em muitos sítios, mas nunca vi nada assim. Os adeptos eram espectaculares, atenção! Mas como tínhamos oportunidade de sermos campeões e não conseguimos entrou para lá aquele grupo, que começou a partir aquilo tudo. Os adeptos são fantásticos, mas foi a frustração de perdermos o título. Acho que perdemos o campeonato por causa daquele ambiente intimidatório que se gerou no campo antes do jogo. Todas aquelas ameaças… Obviamente que os jogadores ficaram bloqueados, se não éramos campeões.
Destacou-se no Estrela da Amadora e atingiu o auge no FC Porto, onde foi campeão. Lá fora, além da Grécia, jogou em Espanha, Chipre e Irão.