Uma das histórias que recordo aconteceu na época em que fui campeã nacional pela primeira vez, em 1999/00, pelo 1.º Dezembro. Tinha uma operação ao maléolo peroneal marcada, tinha posto uma placa com sete parafusos e o do tornozelo já estava mesmo quase a sair. Já me estava a magoar e estava sujeita a levar uma pancada e poder rasgar, aquilo podia complicar-se. Telefonei ao médico e disse-lhe:
– Doutor, por favor, altere-me a operação.
– Mas porquê?
– Ó doutor, estou a dois jogos de ser campeã nacional e nunca fui.
E alterei. Ele disse-me que estava por minha conta e risco, mas eu queria lá saber. A única coisa que queria era jogar! Assumi a minha responsabilidade e fui campeã nacional. Foi um esforço e um risco que corri, mas compensou.
Lembro-me de ele dizer-me na sala de operações:
– Realmente, só tu, Carla. Só tu para me pedires uma coisa destas.
– Valeu a pena, doutor.
Em 24 anos de carreira recordo muitas coisas, como a minha primeira internacionalização, em que tremia por tudo o que era lado, ou um episódio na China em que uma colega minha foi contra a traseira de um autocarro, mas a mais marcante terá sido esta. Adiei a operação para dali a duas semanas, fui campeã nacional no domingo e na terça-feira estava a entrar no hospital para ser operada.
É a jogadora portuguesa mais internacional de sempre, com 145 jogos. Venceu 12 campeonatos, 6 Taças de Portugal e ainda jogou em Itália e na China.
Vá lá… conta a história do “… episódio na China em que uma colega minha foi contra a traseira de um autocarro …”