Esta história passa-se no final da primeira época em que estive em Guimarães. Naquela altura só podiam jogar dois estrangeiros e no Vitória éramos três logo no meio-campo, tinham sempre de optar. Quis sair, até porque houve um atraso na minha preparação, mal cheguei tive uma úlcera e fiquei um mês no hospital. Perdi o comboio em relação aos outros. Era segunda opção, até entrava muito, mas só para o final é que joguei mais ou menos. Aquela era das melhores equipas que o Vitória teve, com o Paulinho Cascavel, o Ademir, tudo grandes jogadores. Pedi para sair e fui para Elvas de carro, mas não sabia o caminho, andei a viagem inteira perdido. E quando saí de Guimarães pensava que ia jogar para uma equipa da segunda divisão, o Elvas tinha descido. Mas foi no ano do caso Mapuata, então durante o caminho saiu a notícia de que o Elvas ficava na primeira. Ouvi, mas não percebia português, ouvia “Elvas”, “primeira divisão”, então parei num café para perguntar o que é que se passava e uns gajos disseram “o Elvas ficou na primeira!”. Passado pouco tempo o presidente liga-me e diz que temos de anular o contrato, porque o Elvas não desceu e ele não me queria deixar ir para uma equipa da primeira divisão. Eu disse logo que não, já estava decidido, fica assim. E foi.
Logo a chegada a Portugal também é uma história engraçada. Eu e o N’Dinga não vínhamos jogar para cá, mas sim para passar quinze dias de férias e depois ir para o Nice. Saímos do Congo com muita polémica, não dava para ir directamente para França. Quando aqui chegámos, o presidente do Congo conhecia o Valter Ferreira, o tal que dizem que era nosso empresário. Não era, era conhecido, porque já tinha treinado uma equipa no Congo. Como ele estava a viver em Lisboa, pediram-lhe para nos orientar. Mas como ele era amigo do Pimenta Machado, ligou-lhe a dizer que tinha ali dois jogadores bons, internacionais do Congo. O Pimenta, como era homem de negócios, quis perceber as coisas ao pormenor, então conversaram, falaram com o presidente do Congo, anularam o contrato que tínhamos com o Nice e ficámos cá.
Chegou a Guimarães com 21 anos, e por cá fez toda a carreira. Além de seis anos na cidade-berço, passou por clubes como Belenenses, Tirsense ou Estrela da Amadora, da cidade onde ainda reside.