Artur Jorge Vicente

Comecei a jogar futebol perto de casa, no Vitória de Lisboa. Aos 20 anos jogava no SL Olivais, nos Distritais, e trabalhava nas obras como ajudante de ladrilhador. Três anos depois assinei pelo Sporting. Pelo meio joguei no Fanhões, na II Divisão B, e dali fui para o Beja. O presidente, o José António Chalaça, que vivia em Loures, levou-me. Na altura o treinador era o Diamantino Miranda e tínhamos uma grande equipa. Lembro-me do Nunes, que jogou no Benfica, do Morato, que jogou no Sporting e no FC Porto, do Jaime, do Grosso. E havia os miúdos, que era eu e o Jorginho, que depois foi para o Campomaiorense. Entretanto tivemos ordenados em atraso e em Dezembro pedi a rescisão de contrato, foi o Sindicato que tratou disso.
Eu vivia em Lisboa, nas Olaias, onde os meus pais ainda vivem, e o meu empresário, o Jorge Gama, disse-me: “Artur, sai daqui. Vai para longe, para casa de um familiar qualquer porque o homem é maluco e é capaz de aparecer aí para te tentar dar a volta.” Isto porque o Chalaça dizia que tinha uma proposta para mim. O Peres Bandeira era olheiro do Benfica e o Chalaça dizia que queriam que assinasse para ser emprestado ao Alverca. Quando rescindi estava sempre a chatear-me com isto e o Jorge já estava a imaginar que ele ia insistir. Fui para casa de uns tios em Linda-a-Velha, e não é que o Chalaça aparece nas Olaias? E aparece aqui no bairro com um Ferrari! Veio à minha procura, a perguntar onde é que eu morava, para ver se eu não rescindia o contrato. Depois os miúdos disseram-me que iam ter com ele e pediam-lhe para os levar para o Beja. O presidente era muito engraçado.
Ganhei a causa, assinei pelo Sporting e fui emprestado dois meses ao Estoril, no final dessa época. Entretanto fiz a pré-época seguinte no Sporting: fizemos um jogo em Espinho, um jogo em Faro e depois fomos aos Estados Unidos jogar com o MetroStars. O Carlos Queiroz era o treinador deles.
Há outra história que se interliga com esta. No Fanhões joguei com o Nuno Campos, actual adjunto do Paulo Fonseca, e com o Serginho, agora adjunto do Rui Vitória. E também tinha como colega o Jordão, que é irmão do Hélder Cristóvão, treinador da equipa B do Benfica. Antes de ir para o Beja houve uma pessoa que me mandou ir fazer um treino ao Estoril, que estava na II Divisão de Honra. Estava lá o Luís Vidigal e o Luís Andrade. Fui fazer um treino, o treinador era o Carlos Manuel. Treinei 10/12 minutos e ele disse-me que estava bom, para lá ir terça-feira para falar com o presidente e saber as condições. Como não tinha ninguém para me representar tinha de ser eu. Voltei para o treino no Fanhões e contei a história ao Jordão, que conhecia bem a realidade do Estoril porque o Hélder lá tinha jogado.
– Epá, o Estoril paga muito mal. Paga-te 150 contos, no máximo 200.
Comecei a ouvir aquilo… Já ganhava 100 contos no Fanhões, ia para o Estoril, para uma uma divisão acima, só ganhar mais 50 contos? Na terça-feira não meti lá os pés. Depois apareceu o Chalaça a dar-me 300 contos para ir para o Beja. O engraçado é que na pré-época fomos fazer um jogo-treino contra o Estoril! O Carlos Manuel, assim que me viu, começou a apontar para mim e a dizer:
– Tuuuuu?! Tuuu?!
E eu:
– Ai, meu Deus do céu!
Mais engraçado ainda é que nessa época, quando rescindi o contrato com o Beja, acabei a jogar dois meses no Estoril cedido pelo Sporting. O ataque era eu, o Pauleta e o Cavaco.


Depois da passagem pelo Estoril representou cinco equipas na I Divisão (Sp. Espinho, Salgueiros, Boavista, U. Leiria e Rio Ave) e terminou a carreira em 2008, no Juv. Évora. Facebooktwitterlinkedinmail

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7 comentários sobre “Artur Jorge Vicente

  1. Arturzinho…conheci-o no VCL ainda junior e subiu aos seniores com o mister Nando Machado…Grande abraço ! Ainda nos encontrámos nos veteranos do VCL.

  2. Grande história de vida…grande homem…quem tenho o privilégio de ter uma grande e sincera amizade… abraços meu amigo!

  3. Grande jogador e grande homem de quem tive o privilégio de ser colega. Grande abraço meu amigo “cascas”

    • Grande extremo,com grande apetência para o golo,mas acima de tudo grande homem é grande colega…abraço “madja”

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