Quando era miúdo, a minha mãe acompanhava imensas vezes o Benfica, era jornalista de A Bola, e uma vez acompanhámos o Benfica num torneio de verão ao Riazor, na Corunha, ao troféu Teresa Herrera, com quatro equipas: Benfica, Flamengo, Real Madrid e o próprio Deportivo La Coruña.
Fizemos a viagem de oito horas até Caminha, ficámos aí uma noite a descansar, e daí seguimos para a Corunha. E foi muito fixe! Ser miúdo e ver os meus ídolos como se fossem pessoas. Era aquela coisa de não estarem num palco, estavam literalmente ao meu lado. O Ricardo Gomes e o Valdo tinham voltado ao Benfica, eram jogadores que antes de eu ter memória já estavam na parede do quarto do meu irmão, e queria pedir autógrafos àquela gente toda.
Lembro-me de estar com a minha mãe no estádio, ela abrir a porta e ir entrevistar já não sei quem, o Artur Jorge ou assim, e fiquei ali um bocado perdido. Era na parte fancy do estádio, uma espécie de sala Benfica, como devia haver uma sala Flamengo e uma sala Real, então estive lá a pedir autógrafos. Lembro-me de pensar: “Eish, c’um caraças: Valdo, Ricardo Gomes, João Pinto”, era essa gente toda, e comecei muito timidamente a pedir autógrafos.
Depois reparei que também lá estava o Paulo Pereira. Os meus pais sempre me educaram muito bem, então quase que fiz o favor ao Paulo Pereira: fui pedir-lhe um autógrafo como que para o motivar. Eu tinha um bloco, daqueles dos hotéis, e o filho da mãe assinou-me as folhas todas! Assinou todas! “Um abraço, Paulo Pereira”, “Um abraço, Paulo Pereira”… E fiquei sem folhas para o Valdo e para o Ricardo Gomes.
Ainda por cima, a memória que ainda tinha presente do Paulo Pereira era o filho da mãe a marcar golos ao Benfica com a camisola do Porto. Eu estava a motivá-lo, como adepto do Benfica, e o filho da mãe “roubou-me” as folhas.
Além de ter realizado o filme ‘Ruth’, centrado na chegada de Eusébio a Portugal, destacam-se ainda as curtas ‘O Rio’, ‘Minutes: To Spare’ ou o videoclip ‘Vale do Silêncio’, de Silva o Sentinela e Sam the Kid.