Paulo Duarte

Quando era seleccionador do Burquina Faso, numa passagem para o CAN de 2010, em Angola, fomos jogar ao Burundi. No nosso ritual de estágio tínhamos as duas refeições normais, o almoço e jantar, e como complemento tínhamos também uma ceia às 11 da noite, que os jogadores gostam de comer qualquer coisa antes de se deitar. Aconteceu o mesmo no Burundi, então pedimos aos responsáveis do hotel para deixarem uma tosta mista e um copo de leite no quarto.

Às 22h30, que era a hora a que deviam deixar lá a comida, não estava lá nada. Chamei o gerente do hotel, juntamente com o responsável pela organização da estadia, e respondeu que não era possível deixarem lá a comida porque os jogadores tinham levado as chaves. “Ok, peço desculpa, foi uma falha nossa, estávamos em reunião com os jogadores. Mas então ponham à porta do quarto”. Para meu espanto, os jogadores foram para os quartos às 23 horas e voltam a não encontrar a ceia. Vieram-me dizer, eu chamei outra vez o gerente e o homem da organização, e ele disse-me que não dava. E eu “mas não dá o quê?”. Ele insistia que não dava. E eu “mas não dá o quê?!”. Ao que ele respondeu “não conseguimos pôr a comida por baixo da porta. Nós tentámos, mas não dá”. E eu a pensar “este gajo está a gozar comigo!”. Nisto baixou-se com o copo junto à porta, a fazer o gesto de passar o copo por baixo da porta…

Isto é verdade e estava a falar com duas pessoas! Nem estava a acreditar, mas depois exemplifiquei: abri a porta, pus o copo lá dentro e fechei a porta. E ele “ahhhh, assim está bem!”. Os jogadores, departamento médico, aquilo foi uma galhofa que pôs toda a gente a rir.


Começou por treinar a U. Leiria e passou pelos franceses do Le Mans, mas tem feito a carreira em África. Depois das selecções do Burquina Faso e do Gabão, treinou o Sfaxien, da Tunísia, e regressou ao Burquina.
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