Manuel Cajuda

Posso contar uma história que só algumas pessoas vêem a bondade que tem, mas é verdadeira. Um dia, estava no meu gabinete, no Braga, e um jogador bateu à porta e pediu para falar comigo. Não vou dizer o nome dos jogadores por uma questão de ética e de respeito. Perguntei-lhe o que queria e ele respondeu-me:
– Mister, você é amigo do jogador tal?
Referia-se a outro jogador do plantel. Disse que sim, primeiro porque sou amigo de todos os jogadores, depois porque por aquele tinha mais algum carinho, era um jogador que tinha ido buscar, do qual gostava muito. E ele depois disse-me:
– Mister, então se é muito amigo dele, e eu sei que é, venho pedir-lhe para falar com ele para não andar mais comigo.
Isto deixou-me perplexo e perguntei-lhe:
– Porque é que lhe vou pedir para não andar mais contigo?
E o jogador disse-me:
– Porque sou muito vadio e ele vai perder-se pelo caminho. E eu não quero que ele se perca.
Quando conto esta história, infelizmente as pessoas só pensam que são todos vadios, que é uma rebaldaria e uma indisciplina total, mas eu considero isto um gesto de amor e respeito por um colega. Ainda hoje recordo esta história como uma das melhores da minha longa experiência como treinador. Felizmente hoje são amigos e enquanto foram meus jogadores consegui recuperar um e não perder o outro.
É uma história que não vai ser muito simpática para as pessoas porque não tem maldicência. As pessoas só querem saber histórias que tenham sangue. Tenho milhares de histórias, como é natural, tenho mais de 500 jogos na I Divisão, permite-me seguramente ter mais histórias do que os outros. Mas esta é uma história real, que se passou na vivência do balneário. O que chamo a atenção é que hoje quando se fala tanto em gestão de um plantel, é preciso ter capacidade para gerir também momentos destes. Estou feliz por ter uma experiência ilimitada de histórias que aconteceram comigo. Mas é preciso cuidado com o que se conta. Há pouco mais de um mês, ouvi contarem uma história na televisão a meu respeito que não era verdade. Estava a ver e achei muita piada porque, infelizmente para a pessoa que estava a contá-la, ela não era verdadeira. Não falava mal de mim, mas a história, que não era pejorativa, simplesmente não era verdadeira.


Começou como treinador em 1983, no Farense, clube que tinha representado nos últimos sete anos da sua carreira como jogador. Conta também com passagens por Egipto, China, Emirados e Tailândia. Facebooktwitterlinkedinmail

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10 comentários sobre “Manuel Cajuda

  1. Quando a FPF deixar de ser uma coutada onde são defendidos os interesses de algumas pessoas e de organizações a elas ligadas, Cajuda terá alguma hipótese de ser selecionador nacional. Tem capacidade e competência para o lugar!

  2. Um Grande., grande treinador, pena nunca lhe terem dado a oportunidade de treinar um dos grandes. Será sempre um dos melhores!..

  3. Teve um bom Mestre, Carlos Silva, o Homem que sabia pôr uma equipa solidária e a brilhar em campo, e um clube a bem funcionar administrativamente, foi seu adjunto no Olhanense, quando deixou de jogar. É bacano este “marroquino”…

  4. GRANDE HOMEM este SENHOR CAJUDA, é para além de grande profissional, um homem cheio de generosidade, humildade, respeito, educação… e muito mais. Ao Senhor Cajuda um grande bem haja.

  5. Grande Cajuda, Sou vitoriano e admirei-o muito como treinador quando cá esteve, tenho pena que não tenha ficado muitos mais anos…

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