Jorge Andrade

No Mundial de 2002, na Coreia, estávamos a sair do almoço da equipa e eu fui para uma sala que tinha uma biblioteca e computadores. O mister António Oliveira passou pela sala, estava lá eu e o Jorge, o recuperador físico, tropeçou e caiu, partiu-se todo. Foi antes do célebre jogo com a Coreia, em que ele foi de muletas. Quando chegámos para o socorrer, depois de ele ser assistido, disse: “Jorge, se eu morresse naquela hora, a última imagem que tinha era a tua.”

Depois, já nesse jogo com a Coreia, eu ia entrar e ele disse-me “vais jogar ali no meio-campo.” Passada uma jogada, “não, vais jogar a central.” “Não, vais jogar a lateral direito.” Entrei e algum tempo depois ia entrar o Nuno Gomes. O Nuno depois contou-me que a mensagem para ele foi “vais entrar para o lugar do Jorge Andrade.” “Mas Mister, o Jorge entrou agora.” “Ah, então vais entrar para o lugar do Petit.” E o Nuno ainda mandou uma bola ao poste.

Fora da Selecção também me lembro de um episódio engraçado, quando o Costinha chegou ao Porto. A convocatória tinha sido de 19 jogadores, ia ficar um de fora. O Costinha era novo, chegou e equipou-se logo. Eu vejo-o assim e digo “Costinha, não é por nada, mas normalmente dá azar quando alguém se equipa antes de se saber quem fica de fora.” Sai a lista dos titulares e suplentes, quem é que fica de fora? O Costinha. Ele ainda hoje se lembra desta.


Formado no Estrela da Amadora, passou ainda por FC Porto, Deportivo e Juventus. Foi internacional A por 53 vezes, com presenças no Mundial 2002 e Euro 2004. Facebooktwitterlinkedinmail

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5 comentários sobre “Jorge Andrade

  1. Sr Carlos Godinho e António Boronha , quer contar como começou o mal estar na selecção nesse ano, as sesavenças do grupo? Se não o quiser fazer eu posso contar…

  2. Assim se percebe o que correu mal na Coreia. A geração de ouro, com os melhores jogadores de sempre e a melhor equipa. O Jorge, o Couto, o Figo, o Rui Jorge, o Rui Costa, o Paulo Sousa, o João Pinto, o Pauleta, o Nuno Gomes.
    Esta equipa tinha tudo para conseguir uma grande prova, jogadores com conhecimento, experiência, táctica, raça. Jogadores de classe mundial. Uma selecção como poucas e dotada de uma triste figura como treinador.
    Um estágio que foi tudo menos bom, a humidade, o calor, a falta de condições, as saídas à noite de um treinador sem controlo nele próprio quanto mais na equipa.
    Um apuramento dos mais bonitos que vi, derrotar a Holanda, não ter derrotas, passar em primeiro. Ver aquela poesia nos pés de Figo e Rui Costa. Ver a paixão de Pauleta. Um apuramento depois de um difícil Euro 2000 em que pagámos por ser pequenos e por tudo estar desenhado para uma França Campeã. As vitórias à Alemanha e à Inglaterra, os jogos bonitos, de peito aberto. Aquele penalty nas meias-finais.
    Foi esta selecção que me fez ser adepto de Portugal, e foi a mesma que me fez nunca mais chorar pelas quinas. Aquela falta de amor ao País que Oliveira tinha, a falta de coragem, de arrojo para romper. A falta de dedicação.
    Este pequeno texto mostra a humildade do Jorge (de quem tenho gostado de ver a dirigir o meu Atlético), mas mostra também a incompetência da federação nesta altura.

    • A Federação daquela altura era a mesma de 2000 e a mesma que foi em 2004, portanto o único corpo estranho foi o do SN. Aliás eu e o António Boronha acabámos em tribunal por causa do relatório do Vice-Presidente onde se descreveu tudo o que se passou. Quem nos colocou em tribunal foi o SN e perdeu. O Jorge Andrade vem por este meio dar-nos razão sobre o que se passou.

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