João Seabra

Tenho uma história que me marcou quando era mais pequenito, devia ter os meus 14 anos, que foi um jogo que o FC Porto fez, ainda no antigo Estádio das Antas, no último jogo antes de rebaixar o estádio. Foi no campeonato de 1985/86. Na última jornada havia um FC Porto-SC Covilhã e um Boavista-Benfica e o FC Porto tinha de fazer o mesmo resultado que o Benfica para ser campeão.
O Estádio das Antas ainda tinha bancadas em cimento e ninguém estava sentado porque não se conseguia. A lotação oficial devia ser 40 ou 50 mil, mas deviam estar uns 80 mil lá dentro porque estava toda a gente de pé e onde se devia sentar um estavam quatro. Lembro-me que quase não tocava com os pés no chão! Estava lá no meio do pessoal a tentar olhar para o relvado.
Estava a ser uma tristeza muito grande porque chegámos ao intervalo a perder 2-1 e o Benfica estava empatado a zero. Lembro-me de pensar: veio esta gente toda preparada para a festa e isto vai ser uma coisa um bocado terrível. Mas depois o Gomes marcou dois golos na segunda parte, mais um do Elói, e o FC Porto foi ganhar 4-2. O Benfica acabou por perder 1-0 com o Boavista.
A dez minutos do fim já se fazia uma festa muito grande. Estava a ver o jogo na arquibancada e era engraçado porque quando o pessoal começava a saltar aquilo abanava. Abanava de tal maneira que nalguns jogos das competições europeias a luz ia abaixo e ficava-se sempre com medo que viesse uma multa da UEFA.
Mas esse jogo ficou 4-2 e no fim foi uma festa, com aquelas invasões de campo que se faziam e os jogadores ficavam todos em cuecas. E havia gente que levava relva para casa. Nunca percebi para que é que a queriam. Mas por que é que eles vão levar relva para casa?! Foi uma festa engraçada e foi um jogo que me marcou por muitas coisas.
Este foi pelo lado positivo. Pelo lado negativo tenho um que foi mais ou menos na mesma altura. Aliás, foi na época anterior: o FC Porto-Wrexham. Eu morava ali perto do Estádio das Antas, na altura em casa dos meus pais, e lembro-me de dizer que ia ver o jogo. Chovia e estava uma ventania terrível. Se fosse hoje era alerta vermelho, mas naquela altura não havia alertas e as pessoas iam para a rua na mesma. Estava um temporal imenso. Estávamos a ver o jogo e lembro-me que foi uma desgraça quando o FC Porto começou a jogar contra o vento. Ganhámos 4-3, mas lá tínhamos perdido 1-0 e o FC Porto foi eliminado por uma equipa para aí do 25.º escalão inglês. Eram do País de Gales. Esses são dois jogos que me marcaram no antigo Estádio das Antas.
No Estádio do Dragão não tenho assim histórias que me tenham marcado mais. Lembro-me de ir ver a festa, em 2003, depois de ganharmos a Taça UEFA. Fomos um grande grupo aqui de Braga até ao Porto só para recebermos os jogadores. E em 2004, já no Estádio do Dragão, também fomos daqui até lá abaixo ver chegar a taça da Liga dos Campeões. Foi o que me marcou assim mais. Nada mau, são boas recordações!


Actor, ventríloquo e humorista de stand up comedy, notabilizado pelas aparições no programa Levanta-te e Ri, hoje podemos vê-lo em espectáculos um pouco por todo o país. Facebooktwitterlinkedinmail

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