Em 2006, durante o Mundial, estive 45 dias na Alemanha e fui para lá para fazer histórias. Primeiro com o Brasil, que foi sempre uma aventura, era uma realidade completamente diferente da nossa. Depois quando o Brasil foi eliminado pela França, em Frankfurt, o Paulo Sérgio, que era quem coordenava, e como Portugal já não estava a partir das meias-finais, mandou-me fazer o resto. Então fiz o relato da final a meias com o Fernando Eurico, ele mais no relato e eu no comentário e reportagem.
E nessa final, entre a Itália e a França, o jogo da cabeçada do Zidane no Materazzi, ali a meio da primeira parte comecei a sentir um reboliço. Tinha os olhos postos no jogo, mas comecei a sentir um grande reboliço à minha volta e não percebia o que era. Às tantas, olho e, quando me apercebi, tinha o Maradona a um metro! E o que fiz? Instintivamente disse: “Parou tudo, tenho Deus ao meu lado!” Tinha de dizer isto aos meus ouvintes. A partir dali, ia olhando para o jogo e ia olhando para trás, porque entretanto ele sentou-se mesmo atrás de mim, na bancada de imprensa. E até ao final do jogo aquilo foi um chorrilho: dei-lhe os bilhetes para autografar e ele nada, dizia que eu depois ganhava dinheiro com aquilo, depois há a cabeçada do Zidane e o gajo a chamar-lhe maluco, a fazer o gesto com o indicador na cabeça e a dizer que o jogo não valia nada.
Passados nove anos, fui fazer o estágio do Benfica aos Estados Unidos, Canadá e México, nesta pré-época, e estive na baliza da mão de Deus, no estádio Azteca, onde fiz questão de tirar uma fotografia. Não tenho assim um grande ídolo, o único que tenho é o Maradona, que é estratosférico. Já o tinha visto uma vez ao vivo, a jogar em Alvalade, no Sporting-Nápoles da Taça UEFA, e naquele dia vi-o ali ao meu lado. Foi das experiências mais marcantes da minha vida.
Jornalista da RTP e da Antena 1, começou aos 13 anos na Rádio Campanário, de Vila Viçosa, e mantém a ligação à comunicação e ao desporto até hoje.